EM PORTUGAL ACONTECEU!...
Conforme anunciámos os CTT, com a série EUROPA 77, lançaram um bloco compreendendo três selos de cada uma das taxas.
Ainda antes do seu lançamento, já o comércio filatélico tinha apresentado pedidos, que dariam o esgotamento dos 250 mil “papelinhos”.
Não obstante Lisboa ser, talvez, a capital europeia detentora do maior parque gráfico, as tiragens dos selos têm sido feitas por duas vezes. Com os blocos EUROPA 77 terá acontecido o mesmo, o que veio agravar a situação.
Resultado: Dois dias antes da data da emissão os CTT, distribuíram por toda a imprensa diária o anúncio que reproduzimos. Será mais um elemento para a história da filatelia portuguesa.
Entretanto numa altura em que a Imprensa Nacional – Casa da Moeda, a empresa encarregada da execução, não terá feito a entrega total do mesmo, `filatelia dos CTT, já vimos pedir por um conjunto – bloco/série – facial 50$00 – a bonita quantia de 500$00.
Miguel Foz
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CORREIOS E TELECOMUNICAÇÕES DE PORTUGAL
EMISSÃO DE SELOS EUROPA 77
Informam-se os interessados de que, em virtude do montante das requisições nacionais e estrangeiras recebidas para blocos filatélicos desta emissão, exceder a tiragem fixada em 250.000 unidades foi determinado superiormente que se procederá a um rateio proporcional.
N o dia da emissão, apenas serão fornecidos os pedidos de um bloco, feito no balcão da Repartição de Filatelia.
Os pedidos superiores a uma unidade ficarão em depósito e serão fornecidos após esse dia e tão rapidamente quanto permitir o apuramento para o rateio. ( SIC)
Conforme anunciámos os CTT, com a série EUROPA 77, lançaram um bloco compreendendo três selos de cada uma das taxas.
Ainda antes do seu lançamento, já o comércio filatélico tinha apresentado pedidos, que dariam o esgotamento dos 250 mil “papelinhos”.
Não obstante Lisboa ser, talvez, a capital europeia detentora do maior parque gráfico, as tiragens dos selos têm sido feitas por duas vezes. Com os blocos EUROPA 77 terá acontecido o mesmo, o que veio agravar a situação.
Resultado: Dois dias antes da data da emissão os CTT, distribuíram por toda a imprensa diária o anúncio que reproduzimos. Será mais um elemento para a história da filatelia portuguesa.
Entretanto numa altura em que a Imprensa Nacional – Casa da Moeda, a empresa encarregada da execução, não terá feito a entrega total do mesmo, `filatelia dos CTT, já vimos pedir por um conjunto – bloco/série – facial 50$00 – a bonita quantia de 500$00.
Miguel Foz
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CORREIOS E TELECOMUNICAÇÕES DE PORTUGAL
EMISSÃO DE SELOS EUROPA 77
Informam-se os interessados de que, em virtude do montante das requisições nacionais e estrangeiras recebidas para blocos filatélicos desta emissão, exceder a tiragem fixada em 250.000 unidades foi determinado superiormente que se procederá a um rateio proporcional.
N o dia da emissão, apenas serão fornecidos os pedidos de um bloco, feito no balcão da Repartição de Filatelia.
Os pedidos superiores a uma unidade ficarão em depósito e serão fornecidos após esse dia e tão rapidamente quanto permitir o apuramento para o rateio. ( SIC)
Anúncio na imprensa generalista
Não há dúvida de que o bloco EUROPA 77, emitido pelos CTT, irá ficar na história da filatelia portuguesa.
Isto porque antes da sua saída, os pedidos dos comerciantes nacionais e estrangeiros ultrapassara, de longe, a tiragem de 250.000, a maior de sempre em blocos emitidos em Portugal.
Sob o título EM PORTUGAL ACONTECEU sintetizamos o caso, noutro local, mas partindo do princípio de que uma publicação deverá procurar registar elementos susceptíveis de interessar a história, resolvemos pôr algumas questões sobre o assunto, a duas pessoas que, cada uma à sua maneira, viveram as incidências,
Um dos entrevistados é Engº. Vaquinhas Cabral, Chefe da Repartição de Filatelia dos C.T.T. a quem pusemos as seguintes questões:
O BLOCO FAMOSO
ALGUMAS QUESTÕES
Entrevistas conduzidas por Miguel Foz (pseudónimo registado de Daniel Costa)
ALGUMAS QUESTÕES
Entrevistas conduzidas por Miguel Foz (pseudónimo registado de Daniel Costa)
Não há dúvida de que o bloco EUROPA 77, emitido pelos CTT, irá ficar na história da filatelia portuguesa.
Isto porque antes da sua saída, os pedidos dos comerciantes nacionais e estrangeiros ultrapassara, de longe, a tiragem de 250.000, a maior de sempre em blocos emitidos em Portugal.
Sob o título EM PORTUGAL ACONTECEU sintetizamos o caso, noutro local, mas partindo do princípio de que uma publicação deverá procurar registar elementos susceptíveis de interessar a história, resolvemos pôr algumas questões sobre o assunto, a duas pessoas que, cada uma à sua maneira, viveram as incidências,
Um dos entrevistados é Engº. Vaquinhas Cabral, Chefe da Repartição de Filatelia dos C.T.T. a quem pusemos as seguintes questões:
Engenheiro Vaquinhas Cabral
F – A avaliar pelo anúncio distribuído à imprensa diária em 30 de Abril, o seu departamento, teve conhecimento antecipado de que o Bloco não chegaria para as encomendas. Como explica, pois que não tivesse sido possível satisfazer ainda que, com o rateio, todos os pedidos no próprio dia da emissão, tanto mais, que nos parece ter sido o problema principal?
V.C. Nesta sua pergunta podemos considerar duas partes distintas. Quanto à primeira parte, a resposta é nitidamente afirmativa.
Como se sabe o anúncio da emissão (pagela) foi expedido com mais de 15 dias de antecedência dando a conhecer o plano completo da emissão, tanto no que diz respeito a selos como a blocos. Mas logo a seguir do início Abril fomos alertados por uma procura jamais registada, para fornecimentos apreciáveis dos nossos clientes habituais especialistas em “novidades” do tema “EUROPA”. Na circunstância valeu-nos (podemos agora afirmá-lo) o instinto de que algo de desconhecido e perigoso se estava a passar, levando-nos a limitar imediatamente as quantidades firmadas a menos de 50% das quantidades pedidas e rejeitar as insistências feitas por alguns por alguns destes comerciantes para aumentar substancialmente os seus pedidos iniciais.
Portanto o nosso conhecimento antecipado de que o bloco não chegaria para as encomendas, não resultou de dons divinatórios, mas de sabermos exactamente que o número de blocos “desejados” por este primeiro grupo de grandes comerciantes estrangeiros excedia já em muito a tiragem fixada.
Quanto á segunda parte da sua pergunta, lamentamos contradizê-lo, mas todos os feitos no dia da emissão por filatelistas particulares aos balcões com um exemplar, e, foram aceites sujeitos a rateio as encomendas que nos foram apresentadas aos nossos balcões de Lisboa, Porto, etc., ou entregues nas nossas Estações até ao dia da emissão. E afirmo que todas as requisições, nacionais ou estrangeiras recebidas com data até 2/5/77, inclusive, será atendidas, sujeitas – naturalmente – a rateio, Na verdade apenas no Balcão do Porto não foi possível entregar a todos os requisitantes, a partir, de certa altura, um exemplar do Bloco, já que a quantidade habitualmente remetida se esgotou. Mas requisições ficaram em carteira para entrarem no rateio geral.
F – Várias vezes, aqui, aqui nesta revista, temos focado a necessidade de uma programação a longo prazo. Não acha que o caso Bloco EUROPA 77 pôs a nu uma certa deficiência nesse aspecto?
V.C. – de facto os CTT vêm desde há anos, com maior ou menor antecipação, dando a conhecer ao mundo Filatélico o plano das suas emissões. No caso de 1977, foi anunciado em Dezembro de 1976 o pano aprovado, cm a indicação das datas da emissão, o que constitui facto inédito.
Porém, o conhecimento de que os tarifários para o serviço nacional e para o estrangeiro estavam em vias de ser alterados, não nos permitiu estabelecer um plano de taxas para cada emissão, como seria nosso desejo.
Quanto à emissão de Blocos, como de outras peças filatélicas ( p. ex, FDC’s), nuca tem sido indicada expressamente no plano, já que a sua edição depende de factores ligados não só à importância da emissão, como as determinados condicionalismos de produção.
Registamos o reparo e esperamos que no futuro possamos indicar no nosso plano anual quais as emissões que serão acompanhadas ou não da emissão de um Bloco Filatélico. Naturalmente eu um erro em matéria tão sensível e imprevisível é desculpável, a sua repetição e que seria imperdoável.
Para já planeamos medidas, até para o corrente ano. que nos porão e aos filatelistas particulares, a salvo de uma nova surpresa.
F. – Já ouvimos alguns filatelistas falar em especulação por parte dos C.T.T. , nós não temos essa opinião, evidentemente,. Não se importa de fazer o seu comentário.
V.C. – A filatelia é para a nossa empresa uma apreciada fonte de receita, mas nunca foi, nem será, ma fonte de especulação. Temos regras muito rígidas que esperamos continuar a honrar.
A propósito, penso que esses reparos vêm exactamente de especuladores em potência, que viram o seu pequeno “golpe” destruído pelas precauções e medidas que a tempo tomámos.
F. – Segundo julgamos saber o facto da necessidade do rateio, deveu-se a encomendas, em números desusados do estrangeiro. Terá havido, efectivamente, por parte de alguns comerciantes, intuitos especulativos?
V.C. – A sua pergunta conduz a uma resposta complexa com partes afirmativas e partes negativas, e não só – como é moda agora dizer-se.
Naturalmente que os grandes comerciantes estrangeiros (em geral especialistas do tema Europa) conhecedores do mercado deste tema viram logo que a tiragem do Bloco cobria mal (mas não tanto como se pode pensar) as necessidades dos coleccionadores da Europa, que são o principal mercado do tema. E assim, “sonharam” até comprar a emissão toda. Era o mesmo que comprar o número em que ia sair o primeiro prémio da lotaria.
Como já antes mencionámos não entrámos no “jogo” e, no total, apenas nos comprometemos apenas com cerca de 40% de emissão de Blocos até à data produzida. Ora como se sabe isto corresponde a três vezes o consumo máximo habitual inicial de um Bloco filatélico (aproximadamente 50.000 exemplares).
Aproveito aqui a oportunidade para lamentar que os comerciantes nacionais só tivessem aparecido com os seus pedidos quase em cima da data de emissão.
Finalmente, penso que um intuito geral especulativo, tanto da parte de comerciantes como de particulares (nacionais e estrangeiros), com honrosas excepções para alguns coleccionadores particulares que se limitaram a uma duas unidades para as suas colecções.
F. – Não lhe parece que, ao fim e ao cabo, a alta cotação que o bloco já tem no mercado filatélico, neste momento, poderá vir a despertar, quer no país quer no estrangeiro, mais interesse pelos selos portugueses?
V.C. – Penso que sim. Embora não tivesse sido essa a intenção dos nossos Serviços, a emissão deste Bloco e as suas repercussões, afigura-se resultar num golpe publicitário, que muito promotor de vendas ou especialista de “Marketing” não desdenharia. Aproveito ainda a sua amabilidade para esclarecer dois pontos que se nos afiguram muito importantes:
1 – a tiragem estabelecida para o bloco 77 era a máxima permitida pelos regulamentos internacionais, isto é, um quarto do número total de séries de emissão.
2 – nunca houve até à data em Portugal, e penso que não haverá, alteração das tiragens fixadas: seja por aumento da tiragem da emissão, seja por eliminação por qualquer meio de parte da emissão feita, seja ainda, por qualquer outro processo a que por vezes algumas Administrações Postais recorrem, infelizmente.
O outro entrevistado foi o Sr. Armando de Lima que se prestou a satisfazer a pretensão de apresentar aos nossos leitores mais alguns dados sobre o problema.
Armado de Lima, um profissional filatélico desde 1940, sempre ao serviço da Casa J. ELL, Perito da Federação Internacional de Filatelia e da Federação Portuguesa de Filatelia, desta última fazendo parte da “Comissão de Luta Contra a Falsificação”, e, sendo um orgulhoso detentor da Medalha de Serviços Inestimáveis da mesma Federação Portuguesa de Filatelia, profundo conhecedor dos meandros da filatelia comercial é pois o homem indicado para nos falar do momentoso caso Bloco Europa 77. Essa peça que pela sua já proibitiva cotação, irá faltar em muitos álbuns portugueses.
F – Sr. Engenheiro Vaquinhas Cabral, com a sua experiência, no Departamento oficial da Filatelia, julgaria possível uma novidade filatélica portuguesa vir a ser tão disputada, como o Bloco EUROPA 77?
V.C. – Sinceramente não. Pois apesar da nossa alegada experiência, jamais se tinha emitido em Portugal um bloco filatélico para acompanhar uma emissão Europa. Portanto, neste caso particular, o nosso departamento não tinha a mínima experiência. E tenho boas razões para dizer não. Basta lembrar que desde 1940 e 1949 foram emitidos 14 blocos e de l974 até agora mais 6 blocos, com tiragens que variaram de 15.000 a 100.000 exemplares e nunca se verificou o esgotamento de qualquer deles, imediatamente toda a emissão.
Antes pelo contrário, quase sempre ficaram em stock apreciáveis percentagens de tiragem. Por exemplo, relativamente aos blocos nos últimos três anos, a procura imediata (nacional e estrangeira) foi da ordem de 40.000 a 50.000 exemplares e ainda dispomos de largos stocks.
V.C. – Sinceramente não. Pois apesar da nossa alegada experiência, jamais se tinha emitido em Portugal um bloco filatélico para acompanhar uma emissão Europa. Portanto, neste caso particular, o nosso departamento não tinha a mínima experiência. E tenho boas razões para dizer não. Basta lembrar que desde 1940 e 1949 foram emitidos 14 blocos e de l974 até agora mais 6 blocos, com tiragens que variaram de 15.000 a 100.000 exemplares e nunca se verificou o esgotamento de qualquer deles, imediatamente toda a emissão.
Antes pelo contrário, quase sempre ficaram em stock apreciáveis percentagens de tiragem. Por exemplo, relativamente aos blocos nos últimos três anos, a procura imediata (nacional e estrangeira) foi da ordem de 40.000 a 50.000 exemplares e ainda dispomos de largos stocks.
F – A avaliar pelo anúncio distribuído à imprensa diária em 30 de Abril, o seu departamento, teve conhecimento antecipado de que o Bloco não chegaria para as encomendas. Como explica, pois que não tivesse sido possível satisfazer ainda que, com o rateio, todos os pedidos no próprio dia da emissão, tanto mais, que nos parece ter sido o problema principal?
V.C. Nesta sua pergunta podemos considerar duas partes distintas. Quanto à primeira parte, a resposta é nitidamente afirmativa.
Como se sabe o anúncio da emissão (pagela) foi expedido com mais de 15 dias de antecedência dando a conhecer o plano completo da emissão, tanto no que diz respeito a selos como a blocos. Mas logo a seguir do início Abril fomos alertados por uma procura jamais registada, para fornecimentos apreciáveis dos nossos clientes habituais especialistas em “novidades” do tema “EUROPA”. Na circunstância valeu-nos (podemos agora afirmá-lo) o instinto de que algo de desconhecido e perigoso se estava a passar, levando-nos a limitar imediatamente as quantidades firmadas a menos de 50% das quantidades pedidas e rejeitar as insistências feitas por alguns por alguns destes comerciantes para aumentar substancialmente os seus pedidos iniciais.
Portanto o nosso conhecimento antecipado de que o bloco não chegaria para as encomendas, não resultou de dons divinatórios, mas de sabermos exactamente que o número de blocos “desejados” por este primeiro grupo de grandes comerciantes estrangeiros excedia já em muito a tiragem fixada.
Quanto á segunda parte da sua pergunta, lamentamos contradizê-lo, mas todos os feitos no dia da emissão por filatelistas particulares aos balcões com um exemplar, e, foram aceites sujeitos a rateio as encomendas que nos foram apresentadas aos nossos balcões de Lisboa, Porto, etc., ou entregues nas nossas Estações até ao dia da emissão. E afirmo que todas as requisições, nacionais ou estrangeiras recebidas com data até 2/5/77, inclusive, será atendidas, sujeitas – naturalmente – a rateio, Na verdade apenas no Balcão do Porto não foi possível entregar a todos os requisitantes, a partir, de certa altura, um exemplar do Bloco, já que a quantidade habitualmente remetida se esgotou. Mas requisições ficaram em carteira para entrarem no rateio geral.
F – Várias vezes, aqui, aqui nesta revista, temos focado a necessidade de uma programação a longo prazo. Não acha que o caso Bloco EUROPA 77 pôs a nu uma certa deficiência nesse aspecto?
V.C. – de facto os CTT vêm desde há anos, com maior ou menor antecipação, dando a conhecer ao mundo Filatélico o plano das suas emissões. No caso de 1977, foi anunciado em Dezembro de 1976 o pano aprovado, cm a indicação das datas da emissão, o que constitui facto inédito.
Porém, o conhecimento de que os tarifários para o serviço nacional e para o estrangeiro estavam em vias de ser alterados, não nos permitiu estabelecer um plano de taxas para cada emissão, como seria nosso desejo.
Quanto à emissão de Blocos, como de outras peças filatélicas ( p. ex, FDC’s), nuca tem sido indicada expressamente no plano, já que a sua edição depende de factores ligados não só à importância da emissão, como as determinados condicionalismos de produção.
Registamos o reparo e esperamos que no futuro possamos indicar no nosso plano anual quais as emissões que serão acompanhadas ou não da emissão de um Bloco Filatélico. Naturalmente eu um erro em matéria tão sensível e imprevisível é desculpável, a sua repetição e que seria imperdoável.
Para já planeamos medidas, até para o corrente ano. que nos porão e aos filatelistas particulares, a salvo de uma nova surpresa.
F. – Já ouvimos alguns filatelistas falar em especulação por parte dos C.T.T. , nós não temos essa opinião, evidentemente,. Não se importa de fazer o seu comentário.
V.C. – A filatelia é para a nossa empresa uma apreciada fonte de receita, mas nunca foi, nem será, ma fonte de especulação. Temos regras muito rígidas que esperamos continuar a honrar.
A propósito, penso que esses reparos vêm exactamente de especuladores em potência, que viram o seu pequeno “golpe” destruído pelas precauções e medidas que a tempo tomámos.
F. – Segundo julgamos saber o facto da necessidade do rateio, deveu-se a encomendas, em números desusados do estrangeiro. Terá havido, efectivamente, por parte de alguns comerciantes, intuitos especulativos?
V.C. – A sua pergunta conduz a uma resposta complexa com partes afirmativas e partes negativas, e não só – como é moda agora dizer-se.
Naturalmente que os grandes comerciantes estrangeiros (em geral especialistas do tema Europa) conhecedores do mercado deste tema viram logo que a tiragem do Bloco cobria mal (mas não tanto como se pode pensar) as necessidades dos coleccionadores da Europa, que são o principal mercado do tema. E assim, “sonharam” até comprar a emissão toda. Era o mesmo que comprar o número em que ia sair o primeiro prémio da lotaria.
Como já antes mencionámos não entrámos no “jogo” e, no total, apenas nos comprometemos apenas com cerca de 40% de emissão de Blocos até à data produzida. Ora como se sabe isto corresponde a três vezes o consumo máximo habitual inicial de um Bloco filatélico (aproximadamente 50.000 exemplares).
Aproveito aqui a oportunidade para lamentar que os comerciantes nacionais só tivessem aparecido com os seus pedidos quase em cima da data de emissão.
Finalmente, penso que um intuito geral especulativo, tanto da parte de comerciantes como de particulares (nacionais e estrangeiros), com honrosas excepções para alguns coleccionadores particulares que se limitaram a uma duas unidades para as suas colecções.
F. – Não lhe parece que, ao fim e ao cabo, a alta cotação que o bloco já tem no mercado filatélico, neste momento, poderá vir a despertar, quer no país quer no estrangeiro, mais interesse pelos selos portugueses?
V.C. – Penso que sim. Embora não tivesse sido essa a intenção dos nossos Serviços, a emissão deste Bloco e as suas repercussões, afigura-se resultar num golpe publicitário, que muito promotor de vendas ou especialista de “Marketing” não desdenharia. Aproveito ainda a sua amabilidade para esclarecer dois pontos que se nos afiguram muito importantes:
1 – a tiragem estabelecida para o bloco 77 era a máxima permitida pelos regulamentos internacionais, isto é, um quarto do número total de séries de emissão.
2 – nunca houve até à data em Portugal, e penso que não haverá, alteração das tiragens fixadas: seja por aumento da tiragem da emissão, seja por eliminação por qualquer meio de parte da emissão feita, seja ainda, por qualquer outro processo a que por vezes algumas Administrações Postais recorrem, infelizmente.
O outro entrevistado foi o Sr. Armando de Lima que se prestou a satisfazer a pretensão de apresentar aos nossos leitores mais alguns dados sobre o problema.
Armado de Lima, um profissional filatélico desde 1940, sempre ao serviço da Casa J. ELL, Perito da Federação Internacional de Filatelia e da Federação Portuguesa de Filatelia, desta última fazendo parte da “Comissão de Luta Contra a Falsificação”, e, sendo um orgulhoso detentor da Medalha de Serviços Inestimáveis da mesma Federação Portuguesa de Filatelia, profundo conhecedor dos meandros da filatelia comercial é pois o homem indicado para nos falar do momentoso caso Bloco Europa 77. Essa peça que pela sua já proibitiva cotação, irá faltar em muitos álbuns portugueses.
(foto Joaquim Cortes)
A.L. – O bloco de Portugal EUROPA 77 não tem uma tiragem elevada pois está calculada para o tema CEPT-EUROPA uma necessidade de 300.000 unidades.
Se à data da emissão estava virtualmente esgotado, esse facto deve-se ao comércio internacional ter decidido “jogar” em Portugal e feito pedidos de molde a esgotar os 250.000 exemplares.
F. – Não obstante, se saber o elevado número de coleccionadores que, sobretudo cá no velho continente, fazem o tema EUROPA, não acho que terá havido por parte de algum comerciante estrangeiro a intenção de, especulativamente, assegurar a compra tida a emissão afim de obter lucro acima do que seria lícito?
A.L. – Como disse, o comércio internacional decidiu que este ano seria Portugal. A tiragem de 250.000 era aliciante.
Há sempre um país que por esta ou por aquela razão é especulado. Em 76 coube à Ilha de Man, em 72 Andorra Espanhola. Desde que as tiragens sejam inferiores a 300.000, para este tema, há a possibilidade de especulação.
F. – Dois dias antes da saída do bloco, na imprensa Diária, os C.T.T. anunciaram a rateio e a impossibilidade de satisfazer, em dois de Maio, pedidos de mais de uma unidade, não lhe parece algo de errado nisso?
A.L. – efectivamente os C.T.T. anunciaram na imprensa Diária o rateio e a impossibilidade de satisfazer, no dia da Emissão, pedidos de mais de uma unidade, mas não anunciaram que nessa data satisfizeram os pedidos dos comerciantes estrangeiros numa base de rateio de 50%.
F. – Tentámos apreender bem todas as incidências e sobretudo as versões e protestos do comércio filatélico, em relação ao caso, e depara-se esta pergunta: Não acha que os comerciantes se deveriam reunir em associação para, assim em conjunto, poderem fazer reivindicações ou apresentar sugestões aos serviços de filatélicos dos C.T.T. portugueses quanto à política seguida pelos mesmos?
A.L. – Protestos dos comerciantes filatélicos portugueses certamente que sim, pois só a 6 de Maio, isto é 4 dias após a emissão e a grande insistência foram satisfeitos os seus pedidos numa base de rateio de 30%, quando a dois do mesmo mês os comerciantes estrangeiros foram atendidos na base de 50%. Atropelo nítido ao artigo 13º. da Constituição da República Portuguesa.
Acho, realmente, que os comerciantes deveriam reunir em associação, mas para este caso não interessava, pois o que se pretendia era o rateio equitativo, e a entrega feita no dia da emissão. Não há reivindicações, há direitos. O comércio filatélico português paga a sua contribuição, tem empregados, exporta a facial com a percentagem de 10%, e neste caso é preterido em favor do comércio estrangeiro. Qual a razão? – Tanto mais que para que para fazer face a compromissos teve de comprar na praça blocos ao preço que os comerciantes estrangeiros ofereceram, dois dias antes da emissão – entre 250$00 e 300$00, isto sabendo (?) que iriam receber 50% dos pedidos! Inconfidências, e, não só…
F. – Pessoas há, mais por parte dos coleccionadores, que pensam ter havido intenções especulativas dos próprios Correios, acha que se poderá realmente fazer uma acusação dessas?
A.L. – Não creio, que se possa admitir que os C.T.T. tivessem intenções especulativas, pois para tal lhes falta engenho e arte. O que creio firmemente é que há uma ideia peregrina no responsável pela secção de filatelia. Quando, o afluxo de pedidos, excederam em muitos milhares a emissão, teria de ficar alertado logo para o rateio. Mas um rateio equitativo que, em igualdade, considerasse comerciantes nacionais e estrangeiros e não como aconteceu.
F. – Quais terão sido, quanto a si os erros dos Serviços de Gestão da Filatelia no caso?
A.L. – Erros do Serviços de Gestão da Filatelia? Mas se tudo foi errado de princípio, que quer o meu amigo que lhe diga? – Que me resta a ténue esperança de que a Serviços de Filatelia dos C.T.T. publiquem o número total de pedidos e indiquem como foi feito o rateio, as percentagens atribuídas, o critério seguido, etc., etc.
Isto para dar satisfação, a nível europeu, e mostrar a isenção dos serviços.
F. – Como se entende que um bloco de 37$50 de facial fosse logo no 1º. Dia comercializado a 300$00?
A.L. – De maneira mais elementar. Os comerciantes estrangeiros sabiam que os nacionais receberiam pequena parte dos seus pedidos. Pelo facto, e para que não houvesse a veleidade de um custo baixo, lançaram o preço de compra de 300$00. Perante esta oferta, os comerciantes nacionais tiveram, para completar os seus pedidos, de alinhar e posso provar que além da minha firma, outros houve que compraram partidas de blocos a estes preços. A exportação é feita a facial, mais os tais 10%. É evidente que desta só uma percentagem o foi. Pedidos excedentes tiveram de ser fornecidos aos preços que se cotavam n mercado.
Para o elucidar, posso dizer-lhe que na Alemanha abriu a 30 Marcos, sendo a cotação actual de 50 Marcos. Bonito, não é?
F. – Disse que os comerciantes estrangeiros sabiam que os fornecimentos para os nacionais eram pequenos. Como o sabiam? Não pode especificar?
A.L. – Meu caro Amigo, eles sabiam. Como? Não me disseram, mas pode ter a ter a certeza que tive contactos com quase todos, somos uma firma antiga e temos contactos válidos.
Daniel Costa
Sr. Armando de Lima, para começar, gostaria que nos dissesse, se seria previsível que o já famoso bloco Europa tivesse tamanho impacto a ponto de, embora numa tiragem algo elevada para o nosso meio, se apresentasse virtualmente esgotado antes do lançamento.
A.L. – O bloco de Portugal EUROPA 77 não tem uma tiragem elevada pois está calculada para o tema CEPT-EUROPA uma necessidade de 300.000 unidades.
Se à data da emissão estava virtualmente esgotado, esse facto deve-se ao comércio internacional ter decidido “jogar” em Portugal e feito pedidos de molde a esgotar os 250.000 exemplares.
F. – Não obstante, se saber o elevado número de coleccionadores que, sobretudo cá no velho continente, fazem o tema EUROPA, não acho que terá havido por parte de algum comerciante estrangeiro a intenção de, especulativamente, assegurar a compra tida a emissão afim de obter lucro acima do que seria lícito?
A.L. – Como disse, o comércio internacional decidiu que este ano seria Portugal. A tiragem de 250.000 era aliciante.
Há sempre um país que por esta ou por aquela razão é especulado. Em 76 coube à Ilha de Man, em 72 Andorra Espanhola. Desde que as tiragens sejam inferiores a 300.000, para este tema, há a possibilidade de especulação.
F. – Dois dias antes da saída do bloco, na imprensa Diária, os C.T.T. anunciaram a rateio e a impossibilidade de satisfazer, em dois de Maio, pedidos de mais de uma unidade, não lhe parece algo de errado nisso?
A.L. – efectivamente os C.T.T. anunciaram na imprensa Diária o rateio e a impossibilidade de satisfazer, no dia da Emissão, pedidos de mais de uma unidade, mas não anunciaram que nessa data satisfizeram os pedidos dos comerciantes estrangeiros numa base de rateio de 50%.
F. – Tentámos apreender bem todas as incidências e sobretudo as versões e protestos do comércio filatélico, em relação ao caso, e depara-se esta pergunta: Não acha que os comerciantes se deveriam reunir em associação para, assim em conjunto, poderem fazer reivindicações ou apresentar sugestões aos serviços de filatélicos dos C.T.T. portugueses quanto à política seguida pelos mesmos?
A.L. – Protestos dos comerciantes filatélicos portugueses certamente que sim, pois só a 6 de Maio, isto é 4 dias após a emissão e a grande insistência foram satisfeitos os seus pedidos numa base de rateio de 30%, quando a dois do mesmo mês os comerciantes estrangeiros foram atendidos na base de 50%. Atropelo nítido ao artigo 13º. da Constituição da República Portuguesa.
Acho, realmente, que os comerciantes deveriam reunir em associação, mas para este caso não interessava, pois o que se pretendia era o rateio equitativo, e a entrega feita no dia da emissão. Não há reivindicações, há direitos. O comércio filatélico português paga a sua contribuição, tem empregados, exporta a facial com a percentagem de 10%, e neste caso é preterido em favor do comércio estrangeiro. Qual a razão? – Tanto mais que para que para fazer face a compromissos teve de comprar na praça blocos ao preço que os comerciantes estrangeiros ofereceram, dois dias antes da emissão – entre 250$00 e 300$00, isto sabendo (?) que iriam receber 50% dos pedidos! Inconfidências, e, não só…
F. – Pessoas há, mais por parte dos coleccionadores, que pensam ter havido intenções especulativas dos próprios Correios, acha que se poderá realmente fazer uma acusação dessas?
A.L. – Não creio, que se possa admitir que os C.T.T. tivessem intenções especulativas, pois para tal lhes falta engenho e arte. O que creio firmemente é que há uma ideia peregrina no responsável pela secção de filatelia. Quando, o afluxo de pedidos, excederam em muitos milhares a emissão, teria de ficar alertado logo para o rateio. Mas um rateio equitativo que, em igualdade, considerasse comerciantes nacionais e estrangeiros e não como aconteceu.
F. – Quais terão sido, quanto a si os erros dos Serviços de Gestão da Filatelia no caso?
A.L. – Erros do Serviços de Gestão da Filatelia? Mas se tudo foi errado de princípio, que quer o meu amigo que lhe diga? – Que me resta a ténue esperança de que a Serviços de Filatelia dos C.T.T. publiquem o número total de pedidos e indiquem como foi feito o rateio, as percentagens atribuídas, o critério seguido, etc., etc.
Isto para dar satisfação, a nível europeu, e mostrar a isenção dos serviços.
F. – Como se entende que um bloco de 37$50 de facial fosse logo no 1º. Dia comercializado a 300$00?
A.L. – De maneira mais elementar. Os comerciantes estrangeiros sabiam que os nacionais receberiam pequena parte dos seus pedidos. Pelo facto, e para que não houvesse a veleidade de um custo baixo, lançaram o preço de compra de 300$00. Perante esta oferta, os comerciantes nacionais tiveram, para completar os seus pedidos, de alinhar e posso provar que além da minha firma, outros houve que compraram partidas de blocos a estes preços. A exportação é feita a facial, mais os tais 10%. É evidente que desta só uma percentagem o foi. Pedidos excedentes tiveram de ser fornecidos aos preços que se cotavam n mercado.
Para o elucidar, posso dizer-lhe que na Alemanha abriu a 30 Marcos, sendo a cotação actual de 50 Marcos. Bonito, não é?
F. – Disse que os comerciantes estrangeiros sabiam que os fornecimentos para os nacionais eram pequenos. Como o sabiam? Não pode especificar?
A.L. – Meu caro Amigo, eles sabiam. Como? Não me disseram, mas pode ter a ter a certeza que tive contactos com quase todos, somos uma firma antiga e temos contactos válidos.
Daniel Costa
2 comentários:
Até uma revista vc fundou, Daniel? Vc é um monumento vivo! Fez de tudo na vida e é um grande ser humano.
Tenho orgulho em ser sua amiga e "Musa".
O post está excelente, completo.
Não conhecia esse Blog, prometo voltar.
Beijos da sempre amiga,
Renata
PS: Só não acho o "Casal Foz"!
Parabéns pelo post.
"Rever" a história da filatelia portuguesa é sempre interessante.
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