segunda-feira, 27 de julho de 2009

Adiafa Filatela

O Artista criador dos selos premiados


A revista FRANQUIA, onde foi publicada a entrevista, ao centro é mostrado o prémio, entregue ao embaixador de Portugal

Logotipo de prémio


VIA VENEZA
A ENTREVISTA COM O CRIADOR DA SÉRIA PORTUGUESA – NATAL DE 1974

Numa gentileza de Danilo Bogoni, chegou-me de Itália uma entrevista a Abílio de Mattos e Silva, Criador dos primeiros selos Natalícios Portugueses, distinguidos com o “VII PRÉMIO DE ENTRETENIMENTO INTERNACIONAL D’ARTE FILATÉLICA SAN GABRIELE” que, tem lugar anualmente em VENEZA e se destina a eleger o mais belo e artístico selo do religioso do mundo.
A entrevista feita ao criador português é assinada por Gabriele Fabris, não tendo sido fornecido mais qualquer elemento, que indique onde foi originariamente publicada.
De posse da entrevista, contactei Abílio de Mattos e Silva, com quem troquei algumas impressões, colhendo alguns elementos, sobre a personalidade do artista, criador já de uma famosa série portuguesa.
Fiquei a saber que teva a primeira experiência, com a série “ESTAÇÃO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS” (1970).
O autor não encara entrar em concursos, porque diz:
- Quando deito a mão a uma qualquer criação, porque me dedico inteiramente, sofro um grande desgaste intelectual e físico, o qual poderá ou não vir a ser compensado, pois como é óbvio, dos vários trabalhos concorrentes, só um obterá o prémio.
Abílio de Mattos e Silva, afirma também que não terá desenhado mais selos pelo simples facto, de não ser hábito oferecer os seus serviços, espera sempre que o convidem, como aconteceu, não só com a série do “NATAL 1974”, que por sinal foi realizada numa má altura da sua vida, no tocante a saúde, mas também com a da “ESTAÇÃO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS” .
Quando deixei o artista, um homem de 64 anos, mas que, nas suas criações, como a da série denominada “NATAL 1974”, ora premiada e os últimos quadros e ilustrações, da sua autoria, que tive o ensejo de apreciar, sobressai um talento inegavelmente jovem.
Mas, deixo Gabriele Fabris conduzir a conversa e comentar a obra, na sua entrevista que chegou em italiano em e que se oferece, numa tradução livre, em português, enquanto chamo a atenção para o portuguesismo e modernidade dos selos.

LISBOA: Abílio Leal de Mattos e Silva, artista português, nascido no Sardoal a 1 de Abril de 1911, actualmente decorador do Ministério da Agricultura, desenhador de maquetes de cena, trajes de teatro, cinema, ballet e ópera, ilustrador e pintor.
São dele os três desenhos da primeira série natalícia de Portugal, emitidos em 1974.
Desenho a desenho de selos emitidos no Natal, estes são característico apontamento no que diz respeito á festa anual, visto que se fazem notar imediatamente. Há neles uma característica especial e um grande estilo. Eles têm o privilégio de apresentar a encenação de um Natal absolutamente nacional e ao mesmo tempo artisticamente válido, porque diverso e tipicamente português.
Eu quis, diz Abílio de Mattos e Silva, na sua segunda experiência filatélica:
– Na minha série não quis um Natal internacional, mas sim um Natal absolutamente português, Eis a razão porque os personagens que ilustram os selos são todos de costumes de hoje.
Assim consegui que a série tenha um traço popular.


Os selos postais distinguidos com o prémio

Os desenhos apresentados em versão definitiva para a realização, são personagens populares, ou melhor, são pescadores da que recitam (seja-me permitido o termo) a parte dos personagens. Pescadores de uma praia portuguesa muito típica e que o artista diz amar imenso. Esta praia, por uma feliz coincidência, chama-se NAZARÉ, que faz lembrar em sintonia a devoção a Nazareth do Natal de Cristo.
E assim foi-me fácil – é sempre Mattos e Silva a falar – executar estes desenhos, porque conheço muito bem a região, as suas tradições e porque ilustrei há alguns anos um livro dedicado aos trajes da Nazaré, que dento de muito tempo, devido à civilização terão desaparecido.
Os desenhos originais tinham os formatos de 20 X 20 cm, que depois de aprovados pelos técnicos dos correios, foram transformados em selos, pelo processo de impressão offset.
Depois da aceitação dos desenhos, Mattos e Silva não seguiu as várias fases de impressão, porque diz – os correios têm bons técnicos e extraordinariamente bem dirigidos por um artista plástico muito qualificado, que os mandou executar na litografia Maia.
Imprimiram nove milhões para o primeiro selo e um milhão para os restantes, compreendendo três taxas, coincidindo como fecho da fase final da celebração do Ano Santo, cujo tema condutor era “a paz fruto da reconciliação”, que não é outra coisa, que uma variante do Hino de Natal “Glória a Deus no Alto dos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Sobre o primeiro valor de 1$50, um insólito Arcanjo S. Gabriel vestindo um branco capote com capucho monacal, anuncia à Virgem – uma doce trabalhadora do campo – a próxima maternidade. Maria toda impregnada das palavras que estão escritas sobre o mastro do estandarte do mastro que Gabriel tem nas mãos: - “Avé Maria Cheia de Graça” – está vestida com uma modesta saia escocesa, uma camisete e tendo a fazer de chapéu, um lenço atado na nuca. Uma pomba branca estilizada, símbolo do espírito, esvoaça suavemente sobre a Virgem da Nazaré.
No segundo valor, de 4$50, Maria apresenta o Menino aos pastores e aos pescadores que curiosos o observam. Uma saia plissada cinge o corpo da Virgem que se cobre com um manto escuro.
À esquerda do grupo e prostados em terra, vasos de unguento, juntos a peixes e mais apetrechos usados pelos pescadores da Nazaré, que se vestem com trajes de trabalho dos nossos dias.
O de 10$00, que fecha a série, no fundo das palmeiras, José que conduz pela mão o burrico, sobre o qual Maria está sentada protegendo com o mesmo o menino.
O modo como a Virgem vai sentada – volteando as costas para burro – é curioso, estranho e ao mesmo tempo sugestivo.
Em suma, uma série bem realizada, graças sobretudo à notável capacidade artística de Abílio Leal de Mattos e Silva, que nos premeia, como à posteridade – com o conferir de feliz simbolismo e um carácter tipicamente português de grande religiosidade e sentimento. E o tema universal, o pintor conseguiu transportá-lo e ao mesmo tempo quase ambientá-lo na própria terra.
Largamente merecida a atribuição do “San Gabriele”, a esta série considerada por conseguinte a melhor religiosa emitida em no mundo emitida em 1974, até porque a mesma sintetiza completamente a finalidade do prémio evocando o Arcanjo S. Gabriel. Quer dizer a mensagem religiosa, transferida e visualizada através de desenhos artisticamente válidos e seguidos pela realização filatélica, tendo também a devida consideração pela finalidade própria dos valores postais.
Entrevista de Gabriele Fabris

NOTA; A primeira introdução foi feita especialmente para a revista FRANQUIA número 10, de Outubro de 1975. A entrevista foi retrovertida do italiano.

Tanto a apresentação, como a retroversão teve a autoria de Daniel Costa, que criou e dirigiu a revista.

Daniel Costa

1 comentário:

xistosa, josé torres disse...

Passei pelo post anterior e já com a "barriga feita" pelo pequeno almoço, vim dar uma espreitadela.

Já "mexo" mais ou menos, depois de quase 3 semanas sem dormir.

A Internet é que não tem cura, mas penso que vou morrer antes dela.
Que ao menos me deixe "navegar e pairar" por mais uns tempos.

Vou tentar "assinar o ponto" por aí, que tenho o serviço todo atrasado.

Amigo Daniel, um abração de amizade, grato por tudo o que escreveu e ... como as férias serão em casa a tratar-me, enquanto houver uma réstia de esperança nas ondas hertzianas ou lá como se chamam, aqui irei aparecer.

Para já um bom domingo e que Agosto seja o mês que todos anseiam, (de descanso).

Um abração e INTÉ!!!